O site www.playtv.com.br publicou uma entrevista excelente com o Fukushima, que replicamos abaixo:

Concursos de jogos não são uma realidade constante no Brasil, assim como a presença de brasileiros em grandes desenvolvedoras também não são tão frequentes como todos os amantes dos games gostariam que fossem. A Square Enix, porém, acredita no potencial, não só do Brasil, como de toda a América Latina.

O plano da colossal dos videogames é criar uma filial nesta região, um plano que será realizado de maneira ambiciosa: caçando futuros talentos da área por meio do Square Enix Latin America Game Contest, distribuindo prêmios aos desenvolvedores que vão de US$5 mil a US$20 mil.

O concurso aceita títulos para iOSAndroid e Windows Phone, além dos baseados em navegadores, com inscrições que vão do dia 1 a 31 de agosto. Além de premiar os vencedores, a Square ainda promete a oportunidade de trabalhar junto da empresa na criação de novos títulos.

Yasuhiro Fukushima, o fundador da Enix (alguém aí falou de Dragon Quest?) e atual presidente honorário da Square Enix, recebeu a equipe do GameTV e do MOK para ter uma conversa descontraída sobre o panorama da criação de jogos por aqui, demonstrando bastante energia e otimismo na hora de comentar sobre o que espera das terras latinas. Para Fukushima, a América Latina será o lar da criação de grandes títulos e a Square Enix planeja trabalhar bem de pertinho com os talentos daqui, para ficarmos equiparados com as grandes empresas do setor; e a melhor parte é que Fukushima já está colocando todos os seus planos em prática.

Tanto aqui no Brasil quanto no resto da América Latina, o mercado de criação de jogos é muito pequeno, demonstrando um grande risco – e, aparentemente, nenhum desses riscos afastou a Square Enix daqui. Em um misto de economia em crescimento e excesso de criatividade, a melhor estratégia é o investimento. O presidente da Square Enix confirma a visão positivista: “Na minha visão, daqui três ou cinco anos isso já terá mudado completamente. Acreditamos que teremos vários jogos feitos no Brasil, tornando-se grandes êxitos na indústria e que o país também será casa para grandes desenvolvedoras”.

O plano de expansão da Square Enix narrado pelo ambicioso Fukushima vai longe: como parte da expansão internacional da empresa, ele pretende levar filiais para a Índia, logo mais, com uma estratégia bem semelhante a que está sendo usada aqui. O mercado indonésio também está sendo pesquisado por outro departamento da empresa. O senhor de 64 anos de idade também demonstra um grande interesse no mercado russo de videogames.

Um Japão que vai muito bem das pernas

Ao cair no âmbito do mercado internacional, não deu para segurar a língua, e foi preciso perguntar a opinião do presidente sobre os atuais jogos japoneses. Recentemente, Keiji Inafune concedeu uma entrevista ao periódico norte-americano Wired, constando sua opinião sobre o declínio e a derrota total do Japão perante o ocidente na criação de jogos. Os burburinhos começaram a surgir com a declaração polêmica de Phil Fish (designer daPolytron, responsável por FEZ) durante o Game Developers Conference, acerca da má qualidade dos lançamentos japoneses atuais.

Esperava uma cara feia. Contraditoriamente, recebi uma boa resposta, Fukushima virou seu laptop em minha direção e me mostrou uma planilha com vários números, explicando, com calma, que os bilhões de dólares que apareciam na tela demonstravam o contrário do que andam dizendo por aí.

Ao redor do mundo, a venda dos consoles vem abaixando e, consequentemente, os jogos também ficaram em números estacionados (nesse caso, em 3 bilhões de dólares). O reflexo disso são os outros mercados, que surgiram atualmente para suprir a demanda, como a venda de itens e avatares, que subiu de 5 milhões para 1,3 bilhões de dólares em apenas 5 anos. O mercado mobile e de MMOs também anda em expansão, porém, vagarosamente. O presidente honorário fez questão de constar que sim, a indústria de jogos no Japão vai muito bem, obrigado, sem utilizar apenas um discurso pronto, mas embasando sua resposta em uma pesquisa real.

Após a análise dos números, ele me explicou o motivo de termos a impressão de que o Japão anda passando por maus bocados: “Muita gente acaba só olhando a parcela que é visível. Os jogos que chegam para o ocidente, que são, em sua maioria, para consoles, acabam sendo o único parâmetro. O mercado mobile está em ebulição trazendo muita inovação que ainda não chegou ao ocidente”. Exemplificando, os aparelhos comiOS no Japão já receberam com Diffusion Million Authur e Final Fantasy Brigade, dois títulos específicos para a plataforma e que foram bem-recebidos por lá, mas sem data de previsão para chegar aqui. Existem muitos jogos na linha de produção, tanto nos estúdios japoneses como nas divisões norte-americanas e europeias”, constou Fukushima, em uma promessa de investimento mais pesado nos celulares, além dos ports de clássicos,774 e Chaos Ring, jogos dedicados a plataforma que já deram as caras nos meios de distribuição digital do ocidente.

Parece que não precisamos ficar tão preocupados quanto a qualidade dos jogos lançados pela Square Enix. A positividade de seu presidente honorário perante a indústria se reflete como uma carta de amor para os fãs desesperados que esperavam ver a empresa se adaptando aos padrões ocidentais na hora de criar jogos. Há quem ainda cite as bombas MindJack e The Last Remnant, mas toda a grandiosidade de Final Fantasy Versus XIII e seus motores gráficos próprios está aí para provar que a Square Enix desliza, mas não perde seus ideais.

Opinião de mestre

A geração de jogos atuais é marcada por um estranho saturamento do mercado, que parece possuir consoles ultrapassados mesmo estando relativamente longe de uma suposta nova linhagem. Fukushima acredita que o avanço tecnológico prometido pela próxima geração de consoles trará muitas possibilidades, porém, que as ferramentas serão utilizadas em um número de jogos bem inferior. “Os anos 80, com o NES e o SNES, e os anos 90, com a participação da Sony e da Microsoft, foram uma época em que o mercado de consoles tinham inovações tecnológicas constantes. Contanto, atualmente esta inovação ficou estacionada e, por conta disso, a própria criação de títulos inovadores ficou menos acentuada”.

O panorama do mercado atual é praticamente o oposto do que foi explorado pela Enix ao ter sido fundada por Fukushima. Com um sorriso no rosto e uma expressão bem clara de nostalgia, ele me contou sobre sua revista de imóveis, muito bem-sucedida, mas que acabou encontrando uma rua sem saída em um mercado sem espaço para crescer. A busca por novas indústrias fez com que o jovem e destemido Yasuhiro Fukushima fosse em busca dos jogos para computadores, que estavam apenas em seu início, o que aparentava ser uma boa oportunidade. Com um tom de quem conta um absurdo, ele nos explicou como os negócios andavam na época: “Haviam cerca de 10 empresas lançando jogos, ainda era bem no começo e um ‘hit’ era um título com vendas acima de 3 mil cópias”. Não há como negar que soa muito absurdo perto dos bilhões de dólares deste mercado que o presidente havia acabado de mostrar.

A estratégia explorada pela empresa foi bem semelhante ao Square Enix Latin America Game Contest que chegou por aqui. A Enix entrou no mercado com a criação do First Game Hobby Program Contest, em 1982, em que 13 títulos saíram ganhadores e dois deles venderam mais de 10 mil cópias e outros três bateram as três mil cópias, classificando quase todos como ‘hits’. No lugar de desenvolver os jogos por conta, a Enix tomou, dessa maneira, a decisão de seguir um modelo bem diferente, financiando os desenvolvedores de fora, pagando royalties e publicando sob sua marca. A visão de Fukushima era a de que os jogos deviam ser tratados como filmes e livros do ponto de vista dos negócios.



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