Acabo de chegar do evento Square-Enix Latin America Game Contest 2.012 que aconteceu no auditório Consolação da PUC-SP com a presença de Yasuhiro Fukushima, fundador da Enix e presidente honorário da Square-Enix.

O motivo do evento é que a Square-Enix vai abrir um núcleo de desenvolvimento de games na América Latina. Ainda não se sabe se no Chile, México ou Brasil. Para formar sua equipe neste núcleo lançou um concurso “caça-talentos” nestes 3 países.

Não foi um evento para fãs. O auditório estava bastante lotado de jovens estudantes, acredito que das áreas de tecnologia, design e programação, com interesse em desenvolvimento de games. Senti-me um bocado deslocada e com um senhor ataque de timidez, que pensava já ter superado. rs

Sentei-me à ponta da 2ª fila e logo após ele entrou, muito simples, no auditório e fez um pequeno cumprimento, curvando-se levemente. Ninguém soube como responder e fiquei um pouco envergonhada com a impressão de frieza que passamos.

O Sr. Fukushima e outras pessoas do staff sentaram-se imediatamente à minha frente, de forma que por alguns minutos estive muito próxima destes executivos japoneses normalmente tão distantes e inatingíveis.

Ele é pequeno, bastante sorridente e estava vestido com roupas sociais leves. Calça, sapato e camisa, porém sem gravata ou blaizer. Sentado à minha frente pude ver a regata branca que usava por baixo da camisa, muito branca, levemente riscada.

Em seguida, subiram ao palco.

Ele agradeceu a todos pela presença em um sábado chuvoso e seu acompanhante, o Sr. Igor (não guardei o sobrenome), gerente regional da América Latina, um jovem meio yuppie, com calça jeans, uma camiseta bem vermelha e um blaizer castanho traduziu e após, traçou um pouco do perfil do Sr. Fukushima e da Square-Enix.

Fukushima foi um dos fundadores da Enix, desenvolvedora, entre outros títulos, de Dragon Quest. Algum tempo após a fusão da Enix com a Square, afastou-se da vida profissional e até 2.011, por 7 anos, dedicou-se a projetos sociais no Camboja.

Retornou agora às suas funções na Square-Enix, ocupando-se principalmente com os projetos de expansão da empresa.

Falaram um pouco sobre a SE, aquele basicão que todos já conhecemos, e passaram ao tema do evento que é o concurso de games que a Square-Enix está lançando na América Latina.

Sobre este, os interessados podem saber mais visitando o site oficial aqui.

Após a apresentação das regras e descrição básica da ideia do concurso e a sessão de perguntas e respostas, o Sr. Fukushima deu uma pequena palestra sobre como lançar um game de sucesso.

1º – Originalidade

Fukushima diz que de cada 100 games que são lançados, 97 são iguais/baseados/semelhantes a outros já existentes e 3 são totalmente diferentes e inovadores. Destes 97, 1 fará sucesso e destes 3, 1 fará sucesso. Desta forma, as chances de se ter um game de sucesso é muito maior quando ele é original. Diz: Quando forem criar seus jogos, não olhem para outros jogos, olhem para outras coisas e inspirem-se nelas. Citou o exemplo da física, que foi objeto da inspiração de um game atual de sucesso.

2º – Atualidade

Um game que for desenvolvido para uma plataforma ainda incipiente, nova, tem mais probabilidade de fazer sucesso, porque quando for lançado, a plataforma já estará madura e os jogos para ela serão poucos em relação aos existentes em plataformas já existentes à mais tempo. Ele disse: olhem para o futuro. Imaginem o que estará sendo usado no futuro e criem para estas plataformas. Em seguida disse que as plataformas em franca ascensão para jogos são tablets, celulares e jogos sociais.

3º – Ousadia

Ele diz que quando perguntam a um desenvolvedor quanto acredita que seu game venderá quando for lançado e ele responde 300 mil cópias (que é um número considerado bom), raramente vende tudo isto. Quando um desenvolvedor diz que seu game venderá 1 milhão de cópias, muitas vezes vende mais. Ou seja, jogos medianos, meia-boca não fazem sucesso. É preciso ousar, apostar tudo o que se tem ou se sabe e fazer, ou ao menos tentar fazer, algo diferente.

4º – Competência em sua área

Se você é um bom roteirista, não tente ser um bom desenhista também, se é um excelente programador, procure ser ainda melhor, não tente ser também o diretor, por exemplo. Foque no que você é bom e seja ainda melhor.

Ficou claro que a Square-Enix não está buscando profissionais qualificados aqui. Isto ela já tem no Japão e em suas outras bases. Ela quer descobrir pessoas que tenham um olhar ou uma técnica ou ideia realmente diferente, inusitada ou surpreendente no mundo dos jogos.

Se você é um desenhista muito bom, mas seus desenhos são iguais ou semelhantes aos que já existem, esqueça. Agora se você criou personagens totalmente diferentes, inusitados, mesmo que seu traço não seja tudo isto, você tem uma chance real. Se você fez um rpg maravilhoso, excepcional, esqueça. A SE já é a the best em RPGs. Agora se imaginou um jogo esquisito, que não se enquadra em nenhum dos formatos já existentes, e que é viciante e divertido, você pode ser o vencedor. Da mesma forma para todas as áreas, programação, música, roteiro, etc…

Para pessoas que estejam sós e façam apenas uma parte do processo, no site oficial em breve lançarão um banco de talentos, em que pessoas de diversas áreas poderão se conhecer e reunir para criar um game e concorrer ao prêmio.

Resumindo, a SE pretendendo montar aqui um centro de desenvolvimento com foco em tablet, celulares e todos eles sendo sociais, parece-me.

À pergunta do porque da América Latina, o Sr. Fukushima disse que o Brasil hoje é incipiente nesta área, mas que estudos mostram que daqui há 3 anos estaremos disputando mercado e que dentro de 5 anos grandes desenvolvedoras surgirão aqui.

Sobre o motivo de estarem começando com um concurso e não, p.e., com um recrutamento formal de RH, conta que no início da Enix fizeram um concurso semelhante. Naquela época, o mercado de jogos no Japão era similar ao do Brasil, hoje e vender 3.000 cópias de um jogo era sinônimo de sucesso. Deste concurso sairam 13 jogos. 3 destes jogos venderam cada um mais de 10.000 cópias e os demais venderam todos no mínimo 3.000 cópias. Ele espera repetir a estória aqui no Brasil.

Sobre a possibilidade da Square-Enix desenvolver jogos de console aqui no Brasil, ele descarta totalmente. Primeiro porque o mercado de jogos de console está em declínio, segundo porque é necessária uma equipe muito grande para estes jogos e terceiro porque os estudos indicam que o forte do mercado latino serão os aplicativos sociais ou para tablets e celulares.

Sobre a possibilidade de ter aqui uma distribuidora, diz que no momento não pensam nisto.

Perguntas que fugissem ao foco do evento, ou seja, do concurso de games, não foram respondidas. snifff.

Após a sessão de P&R colocou-se à disposição para fotos e autógrafos, desde que fossem em objetos da Square-Enix. Quem levou um game ou uma revista, enfim, algo da Square-Enix ganhou um autógrafo e uma gracinha, um pequeno desenho que fazia rapidamente. Eu não levei nada. Sniff 2

Tirei fotos rosto a rosto com ele, que ainda fez a gentileza de passar os braços pelos meus ombros. Cadê as fotos? Estou me perguntando também. Dei a máquina a um rapaz que clicou porque vi, mas quando cheguei em casa, nada de foto com ele. snifff 3

É isto. Muito simpático e compenetrado. O Igor, que é o gerente para a América Latina, também pareceu bem acessível. Jovem, entusiasmado. Acho que desde primeiro passo, pode realmente surgir algo bom.

E você? Enquanto lia imaginou-se vencendo e fazendo parte da filial brasileira da Square-Enix? Já tem um jogo ou uma ideia brilhante? Mãos às obras. O prazo de entrega é até agosto. Ainda dá tempo!!!

Site oficial do concurso: aqui.

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